Alterações hematológicas na gravidez

em segunda-feira, 29 de junho de 2020



Durante a gestação ocorrem diversas alterações no corpo da mulher para a adaptação a este novo momento da vida dela e para que o bebê consiga crescer sadio recebendo os nutrientes de forma adequada. Muitas dessas mudanças começam a partir do momento da nidação (processo de fixação do embrião na parede uterina) e vão se estendendo por todo o período gestacional até terminar a lactação.
Um bom exemplo dessas mudanças que ocorrem é o útero, ele sofre modificações de hipertrofia e dilatação, o que acaba exigindo um aumento da vascularização pela necessidade de maior perfusão sanguínea, já na placenta, devido ao aumento progressivo, com a evolução da gestação, também há um aumento do número de vasos sanguíneos.
Os problemas mais frequentes do sistema hematológico no ciclo gestatório-puerperal são: anemia no pré-natal, hemorragia durante o parto e pós-parto imediato e tromboembolismo no puerpério.
Durante a gestação, a elevação que ocorre  do volume sanguíneo leva ao aumento do volume plasmático também. O volume plasmático começa a subir progressivamente a partir da sexta semana de lactação. O aumento do volume plasmático está relacionado com o desempenho clínico da gestação e varia de uma mulher para outra e esse aumento é necessário para suprir a demanda do sistema vascular hipertrofiado de um útero que também está aumentado, para proteger gestante e feto da queda do débito cardíaco quando a gestante está na posição supina e para resguardar a mãe dos efeitos adversos das perdas sanguíneas associadas ao parto e puerpério.
A massa eritrocitária também se eleva, o que leva a uma hemodiluição, que nada mais que uma forma do organismo se adaptar as necessidades do transporte de oxigênio.
Na gravidez normal também ocorrem alterações do endotélio vascular, do fluxo sanguíneo, dos fatores coagulantes e anticoagulantes e da fibrinólise. Essas modificações podem gerar um estado de hipercoagulabilidade, resultando no desenvolvimento de trombose (que também pode estar ligado a uma predisposição hereditária).
Nas plaquetas há uma moderada diminuição com a progressão da gravidez, mas isso é recuperado no puerpério.
Na gestação, apesar do aumento da necessidade de Fe, nem todo Fe adicionado na gestante é destinado a ela, grande parte deste Fe na verdade é para o desenvolvimento do feto, placenta, cordão umbilical e para perdas sanguíneas ocasionadas do parto e puerpério. A regulação do Fe é controlada basicamente pela absorção pelas células intestinais. Uma vez absorvido pelo intestino, ele é transportado através das células da mucosa para o sangue, onde é carreado por uma proteína para a medula óssea para participar da produção do eritrócito. A necessidade deste mineral no início da gestação é menor do que a demanda de uma mulher menstruante. Como a demanda de Fe no segundo trimestre da gestação aumenta para suprir as necessidades do feto, é recomendado a sua suplementação.

Referências bibliográficas:

Alterações hematológicas e gravidez. Ariani I. Souza; Malaquias B. Filho; Luiz O. C. Ferreira. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842002000100006

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